Por favor, diz-me que é um pesadelo...

Fui levantar o tal envelope, envelope esse que continha aquilo que iria ser a minha vida dali para diante. Cheguei a casa e apenas o pousei em cima da mesa, puxei uma cadeira e sentei-me em frente aquele pedaço de papel A5 do qual só me apetecia fugir, fiquei a olha-lo de soslaio, o medo invadia-me, o medo de saber o que estava lá escrito, medo de saber qual seria realmente o meu problema. Então, já farta daquela situação, levantei-me peguei na porcaria do envelope e guardei-o no fundo mais escuro do armário, corri para fora de casa e fui para o meu local “secreto”, fiquei ali horas sozinha a olhar o mar e a pensar como seria a minha vida a partir do momento em que abrisse aquela coisa. Os primeiros dias seriam de certo os mais difíceis, e a quem poderei eu contar, quem não nutrirá esse sentimento que eu tanto odeio (PENA), quem me vai apoiar e conseguir sorrir comigo e não por mim?! Quem me vai abraçar e dizer “vai ficar tudo bem, NÓS não vamos desistir!” ?? Realmente é algo que não sei e não saberei até que conte a alguém, e é por isso que não o farei, não por enquanto, porque há certas coisas que doem menos quando em silêncio.Voltando ao meu pensamento… Fiquei fora de casa até as 7h da manhã e tinha aulas dentro de poucas horas, olhei para o telemóvel, tinha não sei quantas SMS’s, inúmeras chamadas da minha mãe, e 5 mensagens de voz, que nem valiam a pena ouvir, eram de certeza a dar-me na cabeça por não ter passado a noite em casa. Mas naquele momento tinha mais com que me preocupar, afinal, era da minha vida que se tratava. Peguei na minha mala e fui a correr para casa, entrei sem que ninguém desse por isso, enfrentaria a fera mais logo, depois de chegar das aulas, mas antes mandar-lhe-ia uma SMS com uma desculpa esfarrapada qualquer. Entrei no meu quarto, corri para o armário, abri a porta e peguei no envelope, estava prestes a ler a minha “sentença”, estava prestes a descobrir aquilo que eu já sabia mas queria tanto que fosse mentira, por tanto tinha vindo a nega-lo a todo o custo, mas agora tinha provas e contra provas não há argumentos possíveis. Respirei fundo sentei-me para que caso perdesse o controlo, no mínimo, não cairia no meio do chão, fiquei uns cinco minutos impávida e serena a olhar fixamente para aquilo que agora se encontrava entre os meus dedos. Abri o envelope, li-o e reli-o, e lá estava apenas a verdade fria e crua que já esperava, sentia-me a sufocar, queria gritar, chorar, partir tudo que se mete-se a minha frente mas estava imobilizada, até que me caiu uma lágrima e ai comecei a chorar compulsivamente. O que eu mais temia confirmara-se, sim eu estou doente. E depois? Ninguém vai poder mudar nada, ninguém vai fazer milagre algum, apenas peço, que não me julguem por estar menos feliz e por vezes responder de uma forma menos certa, e acima de tudo peço que não ajam com pena, porque pena é um sentimento que destrói, corrói a alma e leva a amizade, a cumplicidade que outrora existira.
Vou continuar a lutar pelos meus sonhos, afinal a vida pode mesmo resumir-se a um só dia.