quarta-feira

Não sei se amo amar-te



Há muito que a humanidade veio tentar refutar a ideia de que quem ama sofre, dizendo que o amor não magoa, baseando-se no facto de que a felicidade é uma constante do amor, mas eu nunca vi as coisas desta forma. A felicidade é sim uma variante do amor, não uma constante, e entre ela temos o sofrimento, a saudade, a frustração, tanta coisa…. Não somos felizes porque amamos, ser amados e amar pode fazer-nos felizes, mas também pode fazer com que percamos a cabeça.
No entanto, apesar de a teoria a saber eu de trás para a frente, na prática a única coisa que eu sei é que o amo sem medida e isso está a destruir-me por dentro, por vezes já não me reconheço. Nunca fui uma pessoa de correr atrás de algo ou alguém que não me dá o devido valor, aquilo que preciso. Nunca fui de amar, de todo, mas quando amo dou tudo o possível e o impossível, e magoo-me, sempre. Mas com ele cada vez que caiu sinto que é pior do que outra qualquer em que possa ter amado algo ou alguém, ele faz-me a pessoa mais feliz e a mais miserável, ele é tudo e quando é nada eu sou nada e isso é uma merda.
Deixo as palavras morrerem dentro de mim, encarceradas, com um colete de forças, a morrer à fome, sem ar, sem nada, até que desapareçam, e embora não consiga apagar por completo o seu rasto, consigo ignora-las, a maior parte das vezes. 
Porque é que amar-te tem de ser uma montanha russa e não pode ser apenas como pilotar um avião? Numa montanha russa, tens medo, tens altos e baixos sem fim, é emocionante claro, mas não acaba, nunca está bem nem nunca está acabado, está bem, está mal, e vai estando, enquanto pilotar um avião é igualmente emocionante, com a diferença de que apesar de por vezes haver alguma turbulência a maior parte da vezes o resto da viagem corre bem, e se decidir-mos aterrar de bem, ótimo, fazemos uma aterragem rápida e suave, sem deixar arranhões monstruosos de caracter e cada um segue para o seu lado, caso decidamos acabar de mal, tudo bem na mesma, larga-se os comandos e caímos por terra, e nunca mais falamos um com o outro tu morres para mim e eu morro para ti. Ou então continuamos a viagem, imaginando que o combustível seria ilimitado claro, e entre abanões sem importância e outros realmente assustadores, fazíamos a mais bela de todas as viagens. Mas nunca é como nós queremos.
Amo-te mas não sei se amo a ideia de te amar. Odeio-me por não saber o que fazer. Não sei se quero que fiques ou se quero que vás. Mas fica, e ama-me, ajuda-me a encontrar o motivo pelo qual te pedi para ficar… Porque sinceramente juro que às vezes tenho todas as certezas, mas noutros momentos nem sei porque quero que fiques, não sei porque quero ficar.

Fevereiro 2015

Um comentário:

A arte de expressar é uma arte sem pés nem cabeça, mas com todo o sentido do mundo. Por isso, expressa-te. :)